domingo, 12 de dezembro de 2010

A CENSURA NÃO MORREU

Inscrevi o Costanzas na quarta edição do Festival Quadrophenia por ter curtido e acima de tudo acreditado na filosia do evento: "É um festival carioca de música que traz shows com quatro bandas de estilos diferentes. O objetivo do festival é sempre dar espaço à bandas pequenas do cenário independente que estão na luta por seu espaço na cena".

Até então, as primeiras trocas de e-mail foram tranquilas. Até mesmo concordamos com essa humilhação de pagar pra tocar e se virar depois pra cobrir o prejuízo, mesmo isso não tendo ocorrido nas edições anteriores (se bem que marcamos ensaios, entramos em contato para que o dinheiro fosse recebido e nada, enfim). Mas o nosso público merecia um novo show e infelizmente o espaço para bandas como a nossa aqui no Rio, é BEM limitado.

Pois bem, partindo já para o setor "dor de cabeça", vamos lá:

Primeira: Em qualquer evento, cada membro da banda tem direito de levar pelo menos UM acompanhante. No Quadrophenia primeiramente isso não era permitido. Depois de uma discussão via e-mail com o aspirante a produtor (onde foi deveras antiético, desrespeitou o nosso trabalho e não aceitou nossas críticas para melhorar sua relação produtor-banda-público), conseguimos [aparentemente] o direito de um acompanhante por pessoa (no caso, só as namoradas).

Segunda: Todo produtor que se preze, entra em contato com as bandas para conversar sobre o que elas precisarão levar, sobre se haverá passagem de som, etc. Se nós não tívessemos procurado essas informações, acho que o produtor (RISOS) não iria se dar ao trabalho de compartilhá-las conosco.
Perguntei se haveria passagem de som e ele disse que, por conta do tempo, só a primeira banda teria esse direito. Uhm, ok. Perguntei o que nosso baterista precisaria levar e ele também respondeu. Achei que se assim fosse, ele faria um PS dizendo que os amplificadores que arrumou eram de quinta categoria e que seria então preciso levar pedais de distorção, uma vez que chega ser um tanto quanto INIMAGINÁVEL que alguém arranje amplificadores sem uma mera distorção para um festival "eclético".

Terceira: Como o "produtor" não apareceu nos ensaios para trocar o nosso dinheiro pelos ingressos do festival e por conta de também não estarmos sempre com as pessoas que iriam, demos a ideia então de criarmos uma "Lista Costanzas" e assim colocar o nome dessas pessoas por lá, para pagarem o preço do ingresso que seria comprado conosco (R$10,00). BUUUT ao chegar lá, o esquema de lista era uma zona só e foram cobrados R$12,00 de cada pessoa que estava na "nossa". Além disso as acompanhantes pagaram ingresso, contrariando o que o "produtor" havia nos informado anteriormente.

Quarta: Os equipamentos eram precários, não havia uma pessoa para agilizar a montagem do palco e havia incontáveis cabos e fios entrelaçados e espalhados por todo o palco. Esses fatores fizeram com que demorássemos a nos ajeitar por lá.

Quinta: RESPEITO. Sabe?? ÉTICA. Lembra dela?? PROFISSIONALISMO. Conhece?? Então, NENHUM deles pintou por lá. Não foi nossa culpa se o mano não soube administrar o evento e cuidar dos detalhes (como horários). Fomos tocar horas depois do combinado e, na SEGUNDA música (!), [soubemos que] o produtor pediu para o técnico do PA nos censurar e cortar o nosso som. O técnico achou sacanagem e por isso não o fez.
Estávamos fazendo o show na maior correria possível, pulando músicas e mais músicas, pois já prevíamos que nosso tempo seria encurtado (e na verdade, nem íamos mais tocar. Só ficamos por causa das pessoas que foram para nos ver). Reeeza a leeenda que o produtor foi na frente do palco e fez gestos para que finalizássemos o show. Particularmente, só fui ver essa cena quando tocávamos "Vamos Para Honolulu". Pensei: "Ok, depois dessa, a gente sai, Graças a todos os Deuses possíveis!". PORÉÉÉÉM, quando a gente não tinha chegado nem no primeiro refrão, desligaram nossos microfones (SEUS FOFOS!!!).

Daí foi uma maravilha só. Os engomadinhos; almofadinhas do Dorgas (AKA: que foram escrotos conosco desde sempre) quiseram comprar a briga também porque fui criticar a ideologia do espetacular festival. Ah, esses LINDOS ainda tentaram roubar a fonte de um pedal nosso. Uma elegância que só vendo para crer.

Aproveito pra deixar registrado aqui também que achei ridícula a postura de terem prendido pessoas lá fora na portaria, enquanto a primeira banda estava já fazendo seu show. Lá fora havia pessoas que foram para assistir ao show dessa banda e acabaram sendo prejudicados.

Enfim, me levanto da cadeira, tiro o chapéu e bato palmas mais uma vez para a produção da Ressaca do Rock/A Grande Roubada, que sempre tratou de forma VIP todas as bandas com as quais já trabalhou, assim como seu público. E sinceramente, acho que é a produtora de eventos mais sensata atualmente do Rio de Janeiro. VOCÊS produtorezinhos que visam somente o dinheiro e tão pouco se importando com a arte; com o público; em como melhorar a cena, deveriam fazer curso intensivo com o pessoal da Patifaria Produções.

Infelizmente esse tipinho mercenário e criança de produtor/festival, ainda vai prevalecer durante um tempo. Mas não por muito....................................... Até lá, sugiro que o lema "criar um GRANDE MONSTRO da música independente" seja mudado para "Quadrophenia: Trazendo a censura de 1969 para bem pertinho de você! :)"


We have no choice but to fight back in defence of our future. It's up to YOU, you and I to make a stand!!!!!!

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